
Sorrisos, que clamam por destino
Olhares, que buscam verdades
Lágrimas, que afagam sentidos
Esperanças, que rompem dias
Ano Novo…ACREDITAR…ACREDITAR…
"AS AMARRAS" O medo e a autopiedade são criminosos refinados.Espalham o nevoeiro sobre as águas e nós ficamos na segurança do porto. Claro que a espera envelhece.Mas é a viagem por fazer que acaba por matar. Júlio Machado Vaz
Fim de tarde, princípio da escuridão,
lá fomos nós lanchar, no restaurante apelidado de canto dos polícias.
Foi conversa a quatro, risos, piadas, trabalho, petiscos e rádio colado ao ouvido.
Tudo tão imprevisto, quanto irremediável.
Fuga de mais um turno de serviço, para descanso prometido, na ânsia de voltar a chegar ao refúgio casa.
Tempo de jantar, momento breve, telefone que toca…
Notícia que voa
Morte anunciada
Partiste, mas deixaste a tua marca de amizade insubstituível.
Risos lembrados, primeiros passos na calçada, da armadilha rua,
Hoje, já poucos se lembram que partiste, mas continuas a ser um de nós.
Lembro-me da tua força, da tua juventude, dos teus planos…
Lembro-me da tua vaidade de seres polícia,
Lembro-me das lágrimas vertidas pelos teus companheiros,
Lembro-me da dor dos teus pais, do teu irmão e namorada,
LEMBRO-ME de TI…MOREIRA.
Hoje, constatei a veracidade de algo que vem sendo manchete nos jornais e similares.
Tem-se dito por aí que o povo Português anda triste, que algo se abateu sobre o quotidiano das pessoas, que as levam a andar com cara de pouco amigos.
Assim, entrei no autocarro e no percurso bem curto entre a Constituição e a Boavista, verifiquei que no interior deste, encontravam-se nem mais nem menos do que 14 pessoas, umas bastante novas, outras mais vividas e ainda outras com vasta experiência, nesta caminhada da vida. Olhando atentamente constatei que todos, excluindo a minha pessoa, tinham um ar sisudo, rostos marcados pelo ar carrancudo e sorrisos ou esboços destes, nem vê-los. Assim disse cá para os meus fechos (pois botões não havia):” Realmente as pessoas perderam a capacidade de sorrir…”.De repente e quando me encontrava a fazer conjecturas para justificar este mistério, entra no autocarro uma senhora, na casa dos seus 40 anos, bem tratados ou vividos, com uma saia preta, de proporções generosas, com uma garrida camisola de lã, com um decote em V, que a favorecia indiscutivelmente e com umas meias com mil e um rendilhados. Então surgiu a luz ao fundo do túnel, ou melhor ao fundo da Rua Nossa Senhora de Fátima, três cavalheiros, que se encontravam mesmo à minha frente, na casa dos …enta, gentilmente arredaram-se do caminho da referida senhora e todos em sintonia exibiram o seu sorriso, tendo eu então o privilégio de ser bafejado com uma piscadela de olho, por parte de um destes cavalheiros, que manifestamente ficou encantado com a presença feminina.
Logo a minha teoria foi por água abaixo e afinal os portugueses (pelo menos os homens, na casa dos …enta) ainda conseguem sorrir, nem que seja à custa de umas meias fora do comum…abençoada senhora.