- O meu palco... é outro, não é feito de madeira estável, pregada em barrotes, nem firme, feito de aço, é um palco sinuoso, instável, onde a sombra se confunde com a realidade.No meu palco... não se regateiam aplausos nem se pedem maiorias,mas antes se recebem apupos, insultos e cuspidelas.É um palco onde as luzes não aquecem os actores mas onde o dedo em riste e a acusação emergem facilmente. No meu palco... a tinta não faz de sangue, nem o grito é ensaiado nos bastidores, é um palco onde o suicídio, a violência, o álcool e a miséria têm cheiros e significados reais.Neste palco, não há lugar a emendas e improvisos, mas antes tomadas de decisões, que colocam a nossa vida nas mãos de outros. Esses mesmos, que julgam fácil o sacar da arma, o disparar em direção de alguém e que se refugiam nos códigos penais para julgar o que não se compreende, o que se pensa saber, mas não se sabe.É neste palco, que se dá o que se tem, em troco de um simples cumprir do dever, onde são voluntários os que por cá andam e onde as palavras de apreço são simplesmente vozes de ocasião , que surgem para recolher dividendos eleitorais.É este o palco que me acolhe dia após dia e para onde daqui a pouco irei.É este o meu palco ...que todos os dias me faz olhar para trás, ao sair de casa, na esperança de lá regressar, sem aplausos nem medalhas,mas somente para olhar a quem por mim espera.
"AS AMARRAS" O medo e a autopiedade são criminosos refinados.Espalham o nevoeiro sobre as águas e nós ficamos na segurança do porto. Claro que a espera envelhece.Mas é a viagem por fazer que acaba por matar. Júlio Machado Vaz
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
O MEU PALCO
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