sexta-feira, 30 de outubro de 2009

DESABAFOS DE UM POLÍCIA


Que futuro se reserva à nossa POLÍCIA e aos que a servem?
Certamente que o futuro desta instituição terá que passar por remodelações profundas, de modo a melhor servir a população em geral e para que os seus elementos se sintam mais úteis ao cidadão e mais capazes nas suas intervenções. Vinte anos de profissão servem para reflectir nas mudanças que foram ocorrendo quer na instituição que sirvo, quer na mudança de mentalidade dos próprios polícias. Assim, eu ainda sou do tempo, em que os polícias eram comandados por destacados elementos militares e em que se viam na rua, polícias em missão de prevenção. Em 1991, no departamento policial onde presto serviço, entrávamos de serviço, em todos os turnos, cerca de oito a nove elementos, numa área de serviço, relativamente pequena. Hoje e com a reestruturação que foi feita ao longo destes anos, apregoando racionalização de meios, não se vê um elemento policial apeado na via pública, com excepção dos que vão sendo integrados em missões de fiscalização de trânsito, que sempre vão contribuindo para o orçamento do Estado, de forma generosa.
O conceito de prevenção e de proximidade, foi-se diluindo e assistimos agora ao encerramento de esquadras (A criminalidade tem decrescido, segundo apregoam os políticos) em termos concretos de policiamento efectivo e passa-se a ter postos de atendimento, em que somente se presta informação ao cidadão e se poderá receber as denúncias por si apresentadas. Lamentavelmente a tão apregoada racionalização de meios veio a revelar-se uma utopia, pois cada vez à menos gente no terreno a exercer a actividade para a qual recebeu formação, ou seja para ser agente na rua.
Outra característica dos Polícias actuais é a sua maior formação académica, o que também redundou numa situação caricata, que passo a expor: Essa formação que deveria ser uma mais-valia no contacto cidadão/polícia, passou a ser um feira de vaidades, salvo raras excepções, que resultaram num mais servir-se da instituição do que servir.
O espírito de corpo, de amizade e companheirismo, que reinava, também se foi diluindo com o tempo e com a criação de grupo fixos, de elementos que trabalham sempre juntos, perdendo-se assim todo um espírito de união, existente quando todos trabalhavam com todos.
Por tudo isto resta-me ter esperança que num futuro próximo, alguém a quem a política pouco importe e a quem a segurança do cidadão comum, esteja em primeiro lugar, tome medidas no sentido de restituir os polícias à rua e em que a sua missão seja efectivamente a prevenção criminal, evitando assim a extinção deste tipo de pessoas que ainda vai tendo prazer em ser útil ao cidadão comum.
Já gora, para quando o fim de privilégios inadequados aos dias de hoje, como ter polícias à porta de residências dos senhores ministros, em detrimento do policiamento efectivo as ser prestado em prol de todos nós.


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