sábado, 3 de outubro de 2009

ENVELHECER




“Nós envelheceremos um dia, se tivermos este privilégio.
Olhemos, portanto, para as pessoas idosas como nós seremos no futuro.
Reconheçamos que as pessoas idosas são únicas, com necessidades e talentos e capacidades individuais e não um grupo homogéneo por causa da idade”
** Kofi Annan **

Sempre me questionei se a felicidade se extingue em razão da idade.
Cada vez que passo pelo jardim do Marquês, na cidade do Porto, não consigo deixar de observar as pessoas que ali se encontram diariamente, reunidas a jogar cartas, outras simplesmente sentadas nos bancos do jardim e outras ainda dando a sensação de estarem naquele local, porque somente ocupam uma parcela de espaço real.Estas pessoas têm em comum serem todas de uma certa idade, parecendo que a maioria se encontra numa fase da vida em que se diz estarem reformados. O mais intrigante é que estas pessoas transmitem a sensação de que a felicidade foi algo que fugiu das suas vidas, os seus olhares são como espelhos que não projectam imagem, as suas vozes, parecem gastas, pelo tempo e os seus sorrisos, parecem esquecidos, pelas marcas dos rostos.
Será que a idade nos tira a capacidade de sermos felizes, ou será isso uma exigência da sociedade?
Não sei., mas preocupa-me constatar que toda essa experiência de vida é deixada ao acaso, num jardim de qualquer praça, sem que se tire proveito dessa experiência acumulada, que tão proveitosa poderia ser para formação de jovens.
Não proporcionar felicidade aos idosos é muito mais do que rejeitar o que o futuro nos poderá trazer, é sermos ingratos com quem nos ensinou a sermos o que somos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho que a felicidade não desaparece. Aliás, não acredito muito num estado de permanência em felicidade. Para mim a felicidade está no instante, nos momentos que se constroem e nas experiências que se vão acumulando na alma e na pele.
Esses casos de que falas desses velhinhos (e sim, gosto mais de os tratar de "velhinhos" porque acho uma palavra mais carinhosa do que "idosos"), esses são uns entre muitos casos. Porque também há uns tantos outros que vão envelhecendo no seio familiar, rodeados por tudo e todos, o que não lhes dá grande espaço para pensarem sequer em se sentirem infelizes. Pelo contrário, faz-lhes ver todo o percurso de uma vida e os frutos que daí vieram, o quanto crescem e se vão concretizando ao longo da vida.
Se calhar digo isto porque é uma forma de acreditar e de me defender dessa suposta infelicidade que chegará (?) com o avançar da idade.
Tenho a sorte de ter uma família muito unida, com laços muito fortes e que dá valor aos momentos de partilha, onde nos encontramos todos e nos rimos como nunca vi ninguém fazer. E se calhar é esse orgulho e esse sentimento de união e amor, que não me fazem olhar para os meus avós como ínfelizes ou alguém a chegar ao fim da vida. Mas sim pessoas presentes, pessoas que também tiveram a sua mão na construção do meu futuro. E tenho muito orgulho e carinho por eles. :')

Joao Mouteira disse...

Isabelita: Fico muito satisfeito por saber que este sentimento de ingratidão não faz parte do teu ser e que reconheces a importância destas pessoas, no teu crescimento enquanto pessoa.