terça-feira, 14 de outubro de 2014

LÁGRIMAS



Assim como tu, que caminhas nesse vidro molhado, também eu deslizo, nesse teu rosto marcado

Assim como tu, que apagas o sorriso do Verão, também eu apago a alegria do dia

Assim como tu, que transbordas do céu, também eu transbordo desses olhos fechados

Assim como tu, que fustigas quem passa, também eu encharcada me sinto

Assim como tu, que nenhuma raiz te segura, também eu ,sem raízes me encontro

Assim como tu, que dás pelo nome de chuva,também eu, feita de água sou.


segunda-feira, 3 de março de 2014

DIAS CINZENTOS


Por vezes, encontrámos nos olhos de um estranho, a negrura do dia.
Os olhos… esses, que imitam o céu, no escurecer progressivo da alma, pelo derrame de lágrimas, que em vez de gotas límpidas, são pedaços escuros de dor.
Dores, que se partilham e se entranham em nós, que se agarram à esperança do azul, que a farda transporta, mas que o destino enegrece, por uma porta que se abre e por um corpo sem vida, que nos espera, cansado...da vida, da dor.
A morte de um filho… recusada por uma mãe, que no cinzento do dia, enegrece o rosto que se me apresenta, sem forma, sem expressões de vida...rasgado,por lágrimas, que dos olhos brotam sem fim.
Tarde, tarde de mais…um simples telefonema e a o negro abate-se no dia carregado de dor ,que de repente se manifesta em palavras: talvez estivesse zangada com Deus, como eu…
São mortes, que tiram o sono, a quem o tempo não roubou o sentido da vida, pelo azul de uma farda.