sexta-feira, 11 de novembro de 2016

VISÕES

Hoje e depois de nos últimos dias termos assistido a sismos políticos com a eleição do Trampa nos EUA , a pretensos debates de  entregas de declarações de rendimentos por parte dos  gestores da CGD, passando pela detenção do lobo que se faz passar por cordeiro, alimentado a bolotas, eis que  finalmente surgiu uma boa notícia: OS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS VÃO TER A POSSIBILIDADE DE CONTINUAR A TRBALHAR PARA ALÉM DOS 70 ANOS DE IDADE, CASO ASSIM O QUEIRAM e assim de imediato surgiu a luz…

Então tive uma visão e eis que já me encontrava com 75 anos de idade e ao entrar de serviço, foi-me determinado para ir patrulhar a rua de Cedofeita, mais concretamente para estar atento aos ilícitos criminais praticados naquela artéria, na zona pedonal, onde o prezado cidadão tem o direito de circular em segurança, segundo nobres palavras do graduado de serviço, que por acaso só tem 30 anos de idade. Assim a visão estendeu-se à artéria em questão e foi bonito de se ver: eu, caminhava, já com alguma lentidão e o peso da pistola ia-me causando dor na zona da anca, que se refletia num ligeiro coxear, que disfarçava o melhor que podia, mas havia grandes compensações e então aquele jovem cidadão, que em tempos me cospia para mostrar o seu desdém pela figura de autoridade, agora ao passar por mim, desviava-se e até esboçava um sorriso como se adivinhasse o incómodo que a pistola me causava, na anca, como já havia referido; Também aquele doutor, que tantas vezes me havia encontrado à sua porta, ligeiramente recolhido, sobre o manto da noite, que ao entrar no seu imóvel batia com a porta, fortemente, dando clara mensagem que ali não era sítio para polícia se abrigar da chuva, pois até eram os seus descontos que pagavam o meu salário, agora sorria, abria a porta e até me questionava se não quereria tomar um chá para me aquecer, já que as manhãs vão frias. Também os comandantes já me tratavam pelo nome e aquele miserável número que me perseguiu por toda uma carreira e que me havia roubado o nome era agora  apagado, ficando eu assim novamente a ter nome. Já o cidadão que eu havia autuado, em tempos idos, por estar estacionado na passagem de peões, para poder ir tomar o seu café e que havia ficado indignado com o meu zelo profissional, agora saía a correr do café, ainda com a chávena na mão e em viva voz gritava: aguarde, aguarde senhor agente que eu vou tirar o caro para o senhor atravessar, não vá se aleijar. Também o petiz, aquele que ainda mal fala, já me cumprimenta e até um abraço me dá, pois a senhora sua mãe já não diz que o polícia o vai levar se não comer a sopa, agora diz olha o polícia tão velhinho a querer ajudar, vês. Agora sim, foi a altura de eu poder dizer AH COMO É BOM SER POLÍCIA E TER NOME E SABER QUE O CIDADÃO GOSTA DE NÓS .AGORA SOU FELIZ.