segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SORRISOS…

Início de tarde… mais uma, de Outono anunciado, diferente, rasgada por raios de sol, bailando na calçada, fugindo aos pés de quem passa, surgiu a filha do senhor Sebastião. Curvada, vergada, pelo peso de décadas, sorriu, saudando o Polícia, que na rua, aquecia a alma, com pedaços de sol.
Sebastião, senhor Sebastião, teria sido o fogueiro da fábrica Fapobol, que pela certa o Polícia conhecia, dizia a sua filha, pois era ali perto, para os lados do carvalhido, da qual agora nada restava, pois haviam sido construídas casas naquele espaço, ficou  desde logo, o  polícia informado, acenando com a cabeça, para que não restassem dúvidas de que havia compreendido.
A senhora, que então era menina, de 11 anos, lembrou que então, à data, teve a sorte de ir trabalhar para a fábrica, onde o seu pai já laborava, que era a Fapobol e que ficava perto do carvalhido, relembrou a senhora, que falava da menina, filha do fogueiro.
Foi uma sorte… pois foi limpar as máquinas, que serviam para as senhoras trabalharem os moldes e as mãos e pernas ficavam cheias de óleo, que agora a senhora lembrava, com saudade de ser criança, de 11 anos, que de joelhos, trabalhava… bons tempos aqueles, dizia a senhora acerca da menina que havia sido.
Melhor ainda, foi quando o patrão, que tinha uma quintarola, nas imediações da dita fábrica, a surpreendeu, com uma sua colega de trabalho, da mesma idade, dentro de um tanque, a lavar o óleo das pernas e mãos, em trajes menores e foi rir a bom rir, pois o mesmo, vendo crianças a brincar na água, sorriu, possivelmente pensando que as meninas seriam depressa mulheres e já teriam que se recatar de olhares indiscretos.
Criança…Mulher, despediu-se, sorrindo, sempre sorrindo, fazendo da vida não uma estrada de lamentos mas um caminho de sorrisos e o polícia, com a alma aquecida, olhou para a filha do senhor Sebastião, pensando… de que te queixas tu criança que passas…